“Cegueira de Escolha” e como enganamos a nós mesmos
Era uma vez, em um reino distante, cientistas mostraram a voluntários alguns pares de fotografias de rostos de mulheres. “Qual lhes parece mais atraente?”, os cientistas perguntavam. Quando o voluntário revelava sua escolha, os cientistas então pediam que ele descrevesse verbalmente as razões para explicar sua escolha.
Mas o que os voluntários não sabiam é que os cientistas eram traquinas, e algumas vezes usavam um passe de mágica para trocar as fotos depois que a escolha havia sido feita. Assim, pediam ao voluntário para explicar por que havia escolhido o rosto que, em verdade, não havia escolhido.
E é aqui que a história fica interessante, porque apenas uma em cada cinco vezes a troca foi percebida. Não apenas isto, além de não perceber a troca, os voluntários foram capazes de descrever em detalhe por que haviam escolhido o rosto que não haviam escolhido. Os cientistas chamaram isto de “cegueira de escolha”.
As justificativas que os voluntários davam eram incrivelmente similares às justificativas dadas para os rostos que de fato haviam escolhido. A isto os cientistas chamaram “cegueira da cegueira de escolha”.
O experimento não é um conto da carochinha, foi realizado há pouco por pesquisadores da Universidade de Lund, Suécia, e da Universidade de Nova Iorque. Como a síndrome da falsa memória, ou a ilusão Mcgurk, esta é mais uma demonstração extraordinária da grande habilidade de nosso cérebro em ser enganado. As implicações disto para alegações extraordinárias na ufologia e paranormal só reforçam os pontos repetidos à exaustão por céticos.
“Cegueira de Escolha” e como enganamos a nós mesmos
Não conseguiu o que queria? Você pode nem notarPesquisadores suecos mostraram um par de rostos femininos a 120 voluntários durante 2 segundos e então lhes pediram que escolhessem qual achavam mais atraente. Os pesquisadores pediram então para que os voluntários explicassem suas escolhas.
O teste foi repetido 15 vezes para cada voluntário, usando pares diferentes de rostos, mas em três dos testes os rostos foram secretamente trocados depois que uma escolha havia sido tomada.
Surpreendentemente, não só grande parte dos voluntários não perceberam a troca quando ao final puderam dar uma olhada mais demorada em sua escolha, como foram de fato capazes de dar explicações detalhadas sobre por que preferiram a face que, em verdade, haviam rejeitado.
Seria como pedir uma maçã e então explicar exatamente por que você quis a banana que acabou ganhando.
Os investigadores chamam o fenômeno de “cegueira de escolha”.
“Ela é radiante”, exclamou um voluntário sobre uma face que não escolheu. “Eu teria me aproximado dela ao invés da outra. Eu gosto de brincos! ”
Outra voluntária disse que a face que ela escolheu (a qual na realidade ela não escolheu) parecia mais agradável que a outra.
Lars Hall, pesquisador de Universidade de Lund, pensa que os voluntários foram sinceros ao oferecer seus relatos e de alguma maneira falharam em notar a troca.
“‘Confabulação’ é talvez o termo seguro a ser usado”, Hall disse em uma entrevista por e-mail. “Quer dizer, os relatos [falsos] foram construídos depois do fato.’ ”
Depois da experiência, os voluntários foram apresentados a um cenário “hipotético”: Suponha que eles fossem envolvidos em uma experiência onde as faces que escolheram fossem trocadas. Eles notariam?
Duplamente cegos
Oitenta e quatro por cento dos voluntários disseram que iriam perceber. Os investigadores chamaram isto de “cegueira da cegueira de escolha.” Quando se contou a verdade aos voluntários sobre como haviam sido enganados, muitos expressaram surpresa e mesmo descrença.Os pesquisadores ainda não sabem como ou por que a cegueira de escolha acontece, mas pensam que vai ao cerne de como nós tomamos decisões. Algumas das teorias mais populares sobre a tomada de decisões assumem que as pessoas notarão quando suas escolhas e os resultados dessas escolhas não se ajustam.
“Mas como mostra nossa experiência, este nem sempre é o caso”, Hall contou a iveScience. “Então o conceito de ‘intenção’ precisa ser reavaliado e examinou mais de perto.”
Experiências de cegueira de escolha também podem fornecer um meio de estudar a subjetividade e a introspecção, tópicos já considerados por muitos cientistas como extremamente difíceis ou até mesmo impossíveis de avaliar cientificamente.
“Se alguém teimar em conhecer sua própria mente, é muito difícil progredir além desse ponto”, disse Hall. “[Mas] usando a cegueira de escolha nós podemos criar uma situação muito particular — e muito estranha — na qual nós podemos dizer de fato que alguém está errado apesar do fato de que eles poderiam afirmar veementemente conhecer sua própria mente”.
O estudo é detalhado na edição de 7 de outubro do periódico Science.
[Fonte: Choice blindnessÂ’ and how we fool ourselves]
O estudo é Failure to Detect Mismatches Between Intention and Outcome in a Simple Decision Task, e uma página no website da Universidade de Lund também descreve o experimento.
Olá, amigos, como vão? Adorei ter descoberto este site. Podem incluir todos os meus artigos da série “Não acredito em psicoterapia” nele.
Podem ser lidos no blog acima ou no http://www.recantodasletras.com.br/autores/rynaldopapoy. Abraço!
OK. Agora, se dessem à eles 2 rostos femininos, um com o fundo azul e o outro com o fundo vermelho, eles teriam se enganado?
Então e depois fossem trocadas as cores de fundo das fotos?
Seriam enganados na mesma… Isso que tu disseste agora foi apenas tentar usar uma questão periférica para desvalorizar os resultados…
Olá amigo eu sugeriria a você que quando coloca-se uma matéria sobre pesquisas cientificas, anexa-se a ele o link de algum site de noticias ou de universidade(sites que de para confiar)sobre a matéria