Belo Horizonte

Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Data: 1974

Mauro Alvim narra a história:
“O que conto aqui foi a maior fria que entrei em todos os meus anos de Ginásio Estadual. Em 1974 estava na moda falar que discos voadores estavam aparecendo nos céus de Belo Horizonte, quando então decidi fazer a foto de um OVNI, utilizando um truque que vou ensinar ao final deste artigo.

Em suma, cheguei a fazer umas dez fotos de um disco voador sobrevoando Belo Horizonte, mas não esperava de forma alguma que elas pudessem impressionar ao pessoal. Dos olhares mais estarrecidos para as fotos que eu vi foi das garotas, e daí, foi aquela aglomeração de gente querendo ver as fotos e vai para a mão de um, de outro, uns acreditavam, outros não, até que consegui reaver algumas e mostrei-as para um amigo que, por sua vez, mostrou pro diretor da escola que acreditou piamente de que pudesse ser foto de um contato imediato do primeiro grau.

Mas, para meu azar, exatamente naquele dia, alguns brigadeiros da aeronáutica foram lá no Mata-Borrão do Estadual fazer uma palestra sobre a semana da asa. Quando o diretor viu as fotos, arregalou aquele olhão, empinou o bigode e disse: “Mostra para o pessoal da aeronáutica que está aí”. Eu tratei foi de começar a recolher as fotos dali e daqui, até que, de repente, estavam algumas lá nas mãos dos homens da aeronáutica. Antes que viessem me fazer muitas perguntas, tratei foi de tirar o meu time de campo, fui embora sem ouvir a palestra e nem sei o que foi feito do resto das fotografias, talvez estejam lá nos arquivos secretos da FAB aguardando uma explicação.

Quanto ao truque fotográfico, é o seguinte: foi feito em uma antiga máquina Orwo, modelo box, onde é possível bater uma foto sobre a outra. Desta forma, peguei um objeto em forma de nave espacial e revesti-o com papel de alumínio e fotografei-o sobre um fundo negro. Então, sem girar o filme, bati a mesma chapa para o céu, sobrepondo uma foto sobre outra e criando o efeito. Quem quiser fazer de outra maneira pode obter o efeito com uma máquina que não seja digital. Fotografe um objeto sobre um fundo negro e depois revele o negativo sobreposto a outro que mostre uma cidade, mas isto tem que ser feito em laboratório. Se for preferir fazer a foto a cores, o fundo deve ser azul cobalto, o mesmo que é usado para o chamado efeito chroma-key, muito usado nos filmes de efeitos especiais”.