Cérebro de Passarinho
Cérebro de Passarinho
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Durante a Segunda Guerra Mundial, mísseis teleguiados eram o ápice da tecnologia, e foram pouco usados. Mas em meados dos anos 40, o famoso psicólogo B.F. Skinner já lidava com a pesquisa de mísseis teleguiados “inteligentes”, capazes de reconhecer seu alvo e corrigir sua trajetória automaticamente. Acima você vê uma imagem do cérebro do míssil. Eram três pombas.
Skinner foi um psicólogo “behaviorista“, e criou a hoje famosa “caixa de Skinner“. Ensinou pombas a jogar pingue-pongue, entre muitas outras coisas. Como guiar bombas.
As pombas foram treinadas para bicar no alvo, e enquanto o faziam, o míssil detectava tais bicadas e se duas ou mais pombas concordassem em suas bicadas sobre onde estava o alvo, o míssil assimilava a informação e poderia corrigir sua trajeatória — daí porque havia três pombas. Durante o treinamento, Skinner chegou mesmo a descobrir que as pombas respondiam melhor se ganhassem como recompensa não comida comum, mas sementes de maconha. As pombas podiam chegar a bicar até quatro vezes por segundo no alvo, e experimentos indicaram que este sistema “inteligente” de orientação para o míssil garantia que mais da metade das bombas atingiriam seus objetivos. Era o “Projeto Pomba“. Tudo isso é a mais pura verdade.
Infelizmente os militares, que financiaram o projeto, o acharam por fim mais algo engraçado do que viável. Skinner seguiria um psicólogo de grande sucesso, pombas guiando bombas à parte. POucos anos depois contudo o projeto seria revivido, no projeto OrCon (Controle Orgânico). No final, esse projeto também foi abandonado porque estava limitado pela forma como os alvos podiam ser exibidos às pombas — apenas de dia, e com um alcance de visão restrito. Podemos pensar que hoje, com sistemas eletrônicos de visão noturna e tudo mais, essas limitações poderiam ser vencidas e as pombas talvez fossem um sistema de guia com um custo viável.
Enfim, a ironia de pombas — e eventualmente pombas brancas — guiando mísseis, talvez só seja superada pelo fato de que o nome de B.F. Skinner era Bhurrus Frédéric Skinner. E sabe, é preciso dizer outra vez, tudo isso é a mais pura verdade.
Excelente comentário! Parabéns! Isto facilita muito ao pesquisador que quer se aprofundar no estudo do filósofo Skinner.