A palavra é… Cartocacoete
Quando você pensa que se acostumou com todos os exemplos notáveis de pareidolia, se depara então com uma estranha palavra denotando um tipo ainda mais curioso de apofenia. Cartocacoete, ou a compulsão para ver mapas em todo lugar. Como o mapa da África no bife à milanesa acima.
Talvez soe como apenas mais uma idiossincrasia, e uma rara. De forma surpreendente, contudo, o que seria considerado por muitos o mais antigo mapa do mundo, uma imagem icônica que simplesmente parece obviamente um mapa”¦ pode não ter sido mapa algum.
É o mapa de Çatalhöyük, encontrado na Turquia, com nada menos que +8.000 anos de idade:
Não é claramente um mapa? Mais especificamente, um plano urbano de diversas casas? Compare-o com um mapa contemporâneo da área representada, como reconstruído de escavações arqueológicas, à direita.
Há mesmo dois cones na parte superior, com um deles expelindo algo, sugerindo o vulcão Hasan Dak, visível de Çatalhöyük e de onde os habitantes extraíam a valiosa obsidiana usada para fabricar ferramentas, armas, joalheria, espelhos e outros objetos.
O único porém é que a interpretação inicial do que a pintura representava não era de que fosse um mapa. E reavaliações recentes indicam que “é claro que a interpretação original é muito mais provavelmente a correta. A pintura dificilmente é um mapa de Çatalhöyük“.
O que ela era? A resposta, na continuação.
Como o excelente Making Maps explica, em inglês, em Cartocacoethes: Why the World”™s Oldest Map Isn”™t a Map, o mapa é na verdade apenas uma série de padrões geométricos abstratos, erroneamente interpretados como casas, enquanto o “vulcão” seria uma pele de leopardo.
Se é difícil ver a pintura dessa forma, é porque a estamos olhando com nossos olhos internéticos contemporâneos, inundados com imagens de planos urbanos, e sem conhecer as pinturas que os habitantes de Çatalhöyük de fato faziam em suas paredes. Veja como representavam uma pele de leopardo:
E os padrões geométricos abstratos com que decoravam suas paredes:
Agora olhe de novo para a pintura original na parede:
Como a arqueóloga Stephanie Meece, que publicou sua reavaliação sobre o “mapa” de Çatalhöyük em 2006 nota,
“tomar uma imagem fora de seu contexto e apontar sua semelhança superficial com outro algo é terrivelmente errado para arqueólogos, e leva a von Daniken e suas espaçonaves“.
De fato, como bem sabemos, a interpretação fora de contexto de obras de arte antigas, ignorando as culturas em que foram produzidas e impondo a nossa iconografia e objetos contemporâneos, é a falácia principal do Danikenismo, dos “Deuses Astronautas”.
O fascinante é descobrir que mesmo na arqueologia séria, o cartocacoete pode ter contaminado a interpretação de artefatos tão importantes. O engano é compreensível, e felizmente, ele já foi corrigido.
E você, conhece algum caso curioso de cartocacoete? Já viu alguma nuvem, panqueca ou torrada com o mapa do Brasil?
Confira mais cartocacoetes curiosos em Strange Maps, e se conhecer exemplos interessantes, não deixe de nos enviar.
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Referência:
– “A Bird”™s Eye View – Of A Leopard”™s Spots: The Çatalhöyük “˜Map”™ and the Development of Cartographic Representation in Prehistory“, Anatolian Studies 56, 2006, pp. 1-16
No hay sentido. Nada dice que los padrones son falsos, y se una parte coincide, debe miesmo ser un mapa. Escépticos son afoitos por despreciar la buena suerte o sin pensar dos veces. Sin embargo, el inconsciente colectivo hay hecho el autor dibujar un mapa que sólo no es perfecto por su falta de recepción mediúnica completa.
És claro que el mapa és tán legítimo quanto mi español.
Carlos Mogno, el cara de palo
Ligue djá, la garantia soy yo!
E porque não poderia ser um mapa?
Bom, primeiramente digo que, para alguém conseguir ver um mapa em qualquer coisa, tem que ser bom em geografia política… Daí a ilusão de que tudo é um mapa… Isso só tá provando que ele é bom em geografia, só isso