Hominídeos Elusivos

Kentaro Mori

Para aqueles que acreditam no Pé-Grande, e principalmente para os criptozoologistas que pretendem descobri-lo e estudá-lo, ele é um animal bípede de aspecto humanóide, forte odor, coberto de grossa pelagem e principalmente grande, com mais de dois metros de altura. Provavelmente um primata do mesmo gênero ou família da espécie humana, seria similar a um de nossos parentes antigos, apropriadamente chamado Gigantopithecus, que se acredita ter sido extinto por volta de 200.000 anos atrás.

Já aos que não acreditam, o fenômeno é composto de fraudes, enganos e principalmente de fantasia, segundo a qual a estória de um enorme ser meio homem meio fera é muito boa para não ser inventada e então repetida e embelezada. Homens gigantes e selvagens conviveriam assim lado a lado no reino da fantasia com pequenos homens gentis como duendes e gnomos, no que no fundo seriam histórias exageradas a respeito de facetas de nós mesmos. Isso explicaria os muitos nomes em culturas diversas para o repetido tema de gigantes peludos e selvagens, sejam eles conhecidos como Pé-Grandes, Yetis, Sasquatchs ou Yehrens. Mas explicaria tudo?

“Vocês ficarão surpresos quando eu lhes disser que estou certa de que eles existem”. E Jane Goodall, reconhecida primatóloga, estava certa. Pelo menos no ponto em que muitos ficaram impressionados quando em setembro de 2002 declarou durante uma entrevista no rádio sua crença na existência de grandes primatas ainda não descobertos. “É claro, a grande, grande crítica é “˜Onde está o corpo?”™”, disse ela. “Você sabe, por que não há um corpo [para analisarmos]? Eu não posso responder isto, e talvez eles não existam, mas eu quero que existam”.

Tão surpreendentes quanto as declarações de Jane Goodall foram as recentes notícias em jornais como o The New York Times. “A realidade é, o Pé-Grande acabou de morrer”, citavam Michael Wallace. Tudo não passaria de uma grande e elaborada fraude e seu autor, Ray Wallace, pai de Michael, seria o brincalhão por trás dela.
 


Gerald Crew segurando um molde do Pé-Grande

Ray Wallace e o
nascimento do Pé-Grande

O “Pé-Grande” e a avalanche de relatos e evidências que vieram com ele têm menos de cinqüenta anos de idade. Tudo começou em Willow Creek, no estado da Califórnia, EUA. Na manhã de 27 de agosto de 1958 o motorista de trator Gerald Crew voltava a sua máquina para continuar a trabalhar na construção de uma estrada em Bluff Creek. Foi quando notou uma trilha de pegadas. Isso normalmente não o impressionaria, porém as pegadas pareciam de um homem descalço, com o evidente detalhe de que mediam em torno de 40 centímetros!

Ele chamou seus colegas, e alguns deles pareciam já ter ouvido falar de algo parecido a respeito de um “˜Homem Selvagem”™. Apesar da perplexidade, todos voltaram ao trabalho, até que algum tempo depois novas e misteriosas pegadas enormes surgiram. Desta vez Gerald Crew estava preparado e fez moldes de gesso da evidência. Levando os moldes para a cidade próxima de Eureka a notícia chegou às primeiras páginas dos jornais, completa com uma foto de Crew segurando um molde do grande pé. As notícias sobre a criatura recém apelidada de “Pé-Grande” na Califórnia foram então distribuídas pelas agências de notícia ao mundo, multiplicando os relatos, avistamentos e evidências, em uma sucessão que não parou até hoje. Nascia um novo mito.

Mas a lenda do Pé-Grande não seria o que é hoje apenas através de notícias. Alguns estudiosos passaram a divulgar o tema, e dentre eles o que mais se destacou foi o zoologista Ivan T. Sanderson. A história da descoberta do Pé-Grande contada até aqui é parte de como ele a descreveu em uma revista popular em 1959. Sanderson também escreveu sobre o envolvimento de um certo Ray Wallace, aparentemente mais um coadjuvante. Anos depois ele seria declarado ator principal.


Dale Wallace, sobrinho de Ray,
com as sandálias de madeira
usadas pelo tio

Ray Wallace era o chefe de Gerald Crew e o responsável pela construção da estrada em Bluff Creek. Inicialmente cético, ele contou a Sanderson que alguém poderia estar querendo comprometer seus negócios. Seus operários teriam ficado apreensivos com um Pé-Grande rondando a área. Wallace agora “estava determinado a resolver o mistério”. Nos anos seguintes se envolveria na busca pelo Pé-Grande e, convertido, chegaria ele mesmo a fornecer evidências da existência da criatura. Isso até sua morte no final do ano passado, quando uma versão muito diferente do nascimento do Pé-Grande foi divulgada.

Wallace era em realidade um grande pregador de peças. Certa vez teria jogado fogos de artifício pela chaminé do alojamento de seus funcionários, em outra teria contado histórias sobre um enorme felino rondando a floresta. Sua maior peça entretanto teria sido quando pediu para um amigo esculpir uma grande sandália de madeira com solas no formato de um pé. Calçando-as ele teria criado as pegadas que seriam descobertas pelo empregado Gerald Crew naquele ano de 1958.

“Ele foi uma criança por toda sua vida. Ele o fez apenas pela brincadeira, e depois ficou com medo de contar tudo”, disse Dale Lee Wallace, sobrinho de Ray. Histórias sobre o “˜Abominável Homem das Neves”™ no Himalaia já circulavam há alguns anos pela imprensa americana ““ incluindo a foto de uma enorme pegada na neve tomada em 1951. “O fato é que o Pé-Grande não existia na consciência popular antes de 1958. A América ganhou seu próprio monstro, seu próprio Abominável Homem das Neves graças a Ray Wallace” defende o escritor Mark Chorvinsky.

Nem todos se convenceram com essas novas revelações contudo. Para o criptozoologista Loren Coleman “o molde original de Gerald Crew não combina com o pé falso de Wallace”. Outros criptozoologistas admitem que mesmo que o nascimento do Pé-Grande tenha envolvido alguma fraude, ainda restariam muitas evidências e relatos. E uma das melhores evidências seria o filme Patterson-Gimlin.


Quadro do filme Patterson-Gimlin (1967)

Luzes, Câmera… Pé-Grande
Pouco mais de 900 quadros de um filme de 16mm tomados por Roger Patterson em companhia de Robert Gimlin em outubro de 1967 constituem a mais conhecida imagem do Pé-Grande. Hoje, mais de trinta anos depois, não há evidência conclusiva de que o filme tenha sido forjado. A proeza foi conseguida por Patterson e Gimlin enquanto andavam a cavalo por Bluff Creek, fazendo tomadas para um documentário sobre o Pé-Grande que tentavam produzir.

Quando os dois c
hegaram perto de um riacho, seus cavalos se agitaram, levando-os ao chão. Eles logo notaram o que parecia uma Pé-Grande fêmea a mais de trinta metros de distância. “Ela estava coberta com um pêlo curto, negro e brilhante, até mesmo em seus grandes seios pendentes. Parecia ter uma ponta na parte de trás da cabeça, mas se isso era apenas pêlo mais longo, eu não sei”, descreveu Patterson. Enquanto ele filmava a criatura, Gimlin cuidava da segurança dos dois de arma em punho ““ mas, como haviam combinado antes, só atiraria em legítima defesa. A criatura os havia notado, e logo passou a se afastar calmamente quando fez algo cinematograficamente perfeito. Virou sua cabeça para trás e encarou a câmera. Mas não por muito tempo. Os poucos quadros em que a Pé-Grande pode ser vista olhando para a câmera são compreensivelmente os mais famosos.

Depois que a criatura se embrenhou na mata, os dois homens não a seguiram, raciocinando que já tinham capturado uma evidência em filme e não precisariam se arriscar a entrar na floresta. Ou foi o que contaram. Além disso, o filme havia acabado. Se tudo isso parece suspeito, há uma série de evidências circunstanciais de que aqui também tudo seria uma fraude, envolvendo presumivelmente um homem alto fantasiado e dois outros em busca de um filme que lhes traria dinheiro.

Roger Patterson estava envolvido na busca pelo Pé-Grande há anos, segundo conta inspirado pela leitura de um livro de Ivan Sanderson. No ano anterior à filmagem, em 1966, o próprio Patterson havia publicado o livro “O Abominável Homem das Neves da América Realmente Existe?”, onde a resposta indicada seria claramente positiva. Os anos de busca pelo Pé-Grande o haviam arruinado financeiramente, a ponto de estar em dívida a respeito da própria câmera alugada. Para sua enorme sorte, e em um feito jamais repetido com tanta clareza, ele então conseguiu filmar o que tanto buscava. Ainda que o tenha feito em Bluff Creek, não muito longe de onde alguns anos antes Ray Wallace teria andado com suas grandes sandálias de madeira criando pegadas. Essas coincidências e a excessiva sorte de Patterson em sua busca pela Pé-Grande incentivam dúvidas a respeito de sua veracidade.

O filme de certa forma permanece insatisfatório, seja para sua definição como uma fraude ou não. “Apesar de três anos de exame forense rigoroso, o filme Patterson-Gimlin não pôde ser demonstrado como uma fraude” concluiu Jeff Glickman, analista de imagens que realizou um estudo publicado em 1998. Glickman estimou a altura da criatura em torno de 2,20 metros, e realizando medidas de seu caminhar constatou que diferia do andar de uma pessoa comum. Mas uma pessoa alta possivelmente poderia simular tal passo.


Murphy e Crook disseram ver um zíper
na cintura da criatura

Diversas notícias já anunciaram ao longo dos anos a descoberta de provas definitivas de que o filme seria uma fraude, apenas para ser refutadas. Em 1999 Chris Murphy e Cliff Crook alegaram ter identificado um zíper na criatura. Ele seria visível através de magnificações de alguns quadros, onde um objeto em forma de sino parecia ser visto na altura da cintura. Contudo, a imagem havia sido tomada a partir de fotocópias aumentadas de um quadro do filme publicado em um livro. O aparente zíper mostrou ser apenas um reflexo no pêlo, distorcido pelo processo de aumento e ajudado por mentes ávidas por identificar algo artificial.

Em Hollywood por sua vez há um rumor na comunidade de efeitos especiais de que a criatura seria um homem vestindo uma fantasia criada por John Chambers, que ganhou o Oscar de maquiagem pelo seu trabalho no filme O Planeta dos Macacos, coincidentemente filmado no mesmo ano, em 1967. Outros dos trabalhos de Chambers incluem monstros para a série Perdidos no Espaço e mais notavelmente a orelha pontuda de Spock em Jornada nas Estrelas. O escritor Mark Chorvinsky investigou o tema em 1996, e diversos profissionais de efeitos especiais da atualidade lhe confirmaram que Chambers era o responsável pela criatura no filme Patterson-Gimlin, incluindo Dave Kindlon, Howard Berger, Bob Burns e John Vulich. Um ano depois o diretor John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres) assegurou o mesmo em uma revista de cinema. Mas em uma entrevista pouco antes de sua morte, o próprio John Chambers negou ter sido responsável pela criatura do filme Patterson-Gimlin.

A melhor e mais famosa evidência da existência do Pé-Grande permanece inconclusiva. Depois de mais de três décadas, este é um verdadeiro feito, justamente o que se poderia esperar de uma filmagem autêntica embora polêmica. Mas sérias suspeitas de fraude e a falta de evidências corroboradoras em mais de três décadas impedem uma maior aceitação.

Mitos pelo mundo
Apesar de ser o mais famoso, o Pé-Grande é apenas o mais recente dos mitos e lendas de grandes hominídeos primitivos pelo mundo. Ele mesmo parece ter sido inspirado diretamente pelo segundo hominídeo elusivo mais famoso, com o qual começamos um giro por algumas das lendas espalhadas ao redor do planeta.

– Yeti, o “Abominável Homem das Neves”, Himalaia
A criatura gigante de pelagem escura é parte do folclore da região do Himalaia há gerações, sendo chamada pelos guias Sherpas de meh-teh. As notícias sobre o Yeti chegaram ao Ocidente em 1921, quando uma expedição de trinta e seis membros liderada pelo explorador Charles Kenneth Howard-Bury, em uma das primeiras tentativas de escalar o monte Everest, teria avistado com binóculos objetos escuros se movendo à distância. Ao chegarem ao local encontraram pegadas enormes, e seus guias teriam chamado o ser de Metoh-Kangmi, ou “˜Besta das Montanhas”™, um termo que acabaria sendo traduzido de forma mais colorida como “Abominável Homem das Neves”.


Pegada fotografada por Shipton em 1951

O Yeti causou maior sensação quando uma pegada foi fotografada em 1951 pelos exploradores Eric Shipton e Michael Ward a mais de cinco quilômetros de altitude perto do Everest. Ela tinha quase 50 centímetros de tamanho, apresentando apenas quatro dedos. Chegou-se a sugerir que poderia ser a pegada de um urso, ou uma pegada inicialmente menor na neve que ao derreter teria aumentado seu tamanho aparente. Em 1990 o jornalista Peter Gillman defendeu que a pegada seria uma brincadeira de Shipton. Em suas fotos, há uma trilha de pegadas e o close de uma delas, mas em uma entrevista Michael Ward declarou que a pegada em close não faria parte da trilha, algo que Shipton nunca mencionou. O escritor Audrey Salkeld contou duas peças pregadas por Shipton: em uma ele teria dito que um colega sofrendo de falta de oxigênio teria tentado comer pedras pensando que eram um sanduíche, o que foi negado pelo próprio. Também contaria sobre como teria encontrado o corpo de Maurice Wilson na neve, junto de um bizarro diário de fetiches sexuais e roupas femininas. Charles Warren, que encontrou o corpo junto com Shipton, negou tais elementos.

Ao final, Shipton poderia ter simplesmente mexido em uma pegada normal e tirado a famosa fotografia. O Yeti, contudo, p
ermanece uma lenda nativa e deve continuar a ser por muito tempo.

– Yehren, China
O “˜Homem Selvagem”™ ou Yehren é uma antiqüíssima criatura lendária da China central e do sul. Em torno do século III AC o poeta Qu Yuan teria escrito um poema sobre o “˜monstro das montanhas”™. Também uma criatura gigante e peluda, com a diferença de que sua pelagem seria marrom ou vermelha. Ao contrário do Yeti, não há nem uma suposta fotografia do Yehren, embora muitas de suas pegadas tenham sido registradas.


Imagens das mãos do "homem-urso"
analisadas por Guoxing

Além dos muitos relatos, alguns dos quais incríveis, incluindo o do biólogo Wang Tseling, que em 1940 conta ter examinado um Yehren fêmea morto a tiros pelos locais; ou o de que soldados chineses no Himalaia teriam comido a carne de um Yeti em 1962, a primeira evidência física relevante do Yehren chinês foi analisada em 1980. Em 1957 aldeões da montanha Jiolong teriam matado um “homem-urso” e um professor de biologia local conservou suas extremidades. O exame por Zhou Guoxing das mãos e pés preservados apontou que pertenceriam a um macaco, embora enorme e possivelmente de um “primata desconhecido”, apesar de não ser compatível com uma criatura de dois metros de altura.

– Sasquatch, Canadá e norte dos EUA
Várias tribos indígenas norte-americanas possuem histórias antigas a respeito de gigantes selvagens, mas quando os jornais relataram encontros com tais seres o termo escolhido foi Sasquatch, que na linguagem de uma das tribos significava “homem louco nas florestas”. Tais avistamentos registrados datam de até 200 anos atrás. O missionário americano Elkanah Walker conta em seu diário em 1840 sobre as crenças indígenas: “Eles acreditam em uma raça de gigantes que habita uma certa montanha a oeste. Ela é coberta por neve perene. As criaturas habitam os picos de neve. Elas caçam e fazem todo seu trabalho à noite. Suas pegadas têm um pé e meio de tamanho. Roubam salmão das redes dos índios e comem o peixe cru como os ursos. Se as pessoas estão acordadas, sempre sabem quando as criaturas estão muito próximas pelo seu forte cheiro que é quase intolerável”.

John Burns, agente da reserva indígena Chehalis em British Columbia, escreveu em um artigo em 1940, cem anos depois: “estou convencido de que sobreviventes do Sasquatch ainda habitam o inacessível interior de British Columbia. Apenas por grande sorte contudo um homem branco poderia avistá-los, já que como animais selvagens, eles instintivamente evitam qualquer contato com a civilização”. Segundo ele, os nativos eram receosos de contar suas histórias sobre o Sasquatch, pois o “˜homem branco”™ não acreditaria nelas. Tais lendas em Chehalis contariam sobre duas tribos inimigas de Sasquatches na região e que teriam exterminado uma a outra. Burns também conta a surpreendente história de uma mulher nativa chamada Serephine Long, que quando criança teria sido seqüestrada por um “gigante selvagem” e vivido com os “monstros peludos” por quase um ano! Tudo contado diretamente a ele por Long, agora uma mulher idosa.

– Mapinguari, Amazônia
Coberto de um longo pêlo vermelho, com um odor horrível e medindo em torno de dois metros quando de pé sobre as patas traseiras, o Mapinguari seria um animal temido na floresta amazônica por índios e mesmo garimpeiros e moradores locais. Seus pés seriam virados ao contrário, suas mãos possuiriam longas garras e a criatura evitaria a água, tendo uma pele semelhante a de um jacaré. Há similaridades com relatos de hominídeos, mas a especulação mais corrente entre os cientistas que acreditam na realidade do Mapinguari é de que poderia ser relacionado à preguiça gigante, que se acredita extinta. Já no fim do século XIX o paleontólogo argentino Florentino Ameghino defendia a hipótese, que mais recentemente levou o ornitólogo David Oren a empreender expedições em busca de provas da existência real da criatura. Mas infelizmente sem nenhum resultado conclusivo. Pêlos recolhidos mostraram ser de uma cutia, amostras de fezes de um tamanduá e moldes de pegadas não serviriam muito, já que como declarou à revista Discover, “podem ser facilmente forjadas”.

Não há uma boa lenda sem mistério
Qual é a possibilidade de qualquer um desses hominídeos realmente existir? Defensores de hominídeos ainda não descobertos lembram alguns exemplos históricos. Segundo Jeff Glickman, pelo menos um “Grande Monstro Peludo” mítico já foi descoberto e aceito como realidade. Descrito tão cedo quanto em 470 AC, quando colonos de Cartago que viajaram à Costa oeste Africana relataram animais peludos arremessando pedras, o gorila só foi redescoberto na segunda metade do século XIX. Mesmo com a descoberta do gorila, relatos de um outro primata temível persistiram, embora desacreditados. Isso até a descoberta em 1902 do gorila das montanhas. Para os que apontam a falta de um registro fóssil de hominídeos como o Pé-Grande, Glickman aponta que o gorila e o chimpanzé também não possuem registro fóssil.

Por outro lado, a mera possibilidade não garante que seja realmente provável que algum hominídeo gigante ronde o mundo. John Napier, do Instituto Smithsoniano, argumenta que as fontes de comida para tais hominídeos não parecem viáveis. Florestas temperadas ou gélidas regiões montanhosas dificilmente poderiam sustentar uma criatura gigante com mais de dois metros de comportamento presumivelmente similar ao de gorilas e orangotangos. No caso do Pé-Grande ou Sasquatch americanos, há o problema adicional de que não existe nenhum primata natural das Américas ““ todos chegaram há alguns milhares de anos, incluindo o Homem.

Até o surgimento de alguma evidência física conclusiva, todos estes argumentos permanecem apenas exercícios de especulação científica, e por vezes nem tanto. A busca continua, e Benjamim Radford, do CSICOP (Comitê para Investigação Científica de Alegações do Paranormal), resume a questão: “Se o Pé-Grande existe, então o mistério será solucionado; se ele não existe, o mistério resistirá. Até agora persistiu por pelo menos meio século”.

– – –

Evidências fotográficas?

Em março de 1986 o explorador Anthony Wooldridge teve um encontro a sós com o Yeti no norte da Índia. A uma distância de 150 metros, pôde tomar fotografias da criatura, que permaneceu praticamente imóvel por 45 minutos! A evidência causou certa sensação, até que visitas posteriores ao mesmo local constataram que o suposto Yeti era em realidade uma pedra coberta de neve. Que fosse uma pedra explica por que não se mexeu por 45 minutos. Wooldridge, para seu embaraço, admitiu ter se enganado.


À esquerda, a foto de Wooldridge, a seta indica o suposto Yeti. Ao lado, a imagem aumentada


Imagem realçada e interpretação artística, posteriormente invalidadas. O Yeti era uma pedra.

Essas duas impressionantes fotografias teriam sido tiradas em setembro ou outubro de 2000 na Flórida, EUA, por uma mulher idosa que ouviu barulhos em seu quintal. Em dezembro do mesmo ano teriam sido entregues ao xerife, mas a testemunha desejou permenecer anônima. Isso lança dúvidas sobre a autenticidade das imagens, talvez boas demais para serem verdadeiras. (Imagens Loren Coleman)

Fotografia supostamente tomada por um oficial da patrulha florestal em Wild Creek, julho de 1995. Divulgada por Cliff Crook, é considerada uma fraude por quase todos criptozoologistas

O "homem-macaco" morto pelo geólogo suíço François de Loys durante uma expedição pelas selvas da Venezuela em 1920. O animal chamou a atenção por aparentar ser um primata, e de Loys afirmou que media cinco pés e meio de altura. A criatura chegou a ser batizada de Ameranthropoides loysi, mas os próprios criptozoologistas, incluindo Ivan Sanderson, viriam declarar depois que era apenas um macaco-aranha com o rabo cortado. Seu tamanho contudo parece um pouco maior do que o normal (em torno de um pé maior).


 

O "Homem do Gelo de Minnesota" aparentava ser um incrível hominídeo conservado em um bloco de gelo, pelo qual Frank Hansen cobrava 25 cents de cada curioso que desejava dar uma olhada em shows pelos EUA. Em 1968 Ivan Sanderson e Bernard Heuvelmans — o criador do termo criptozoologia — se interessaram e consideraram seriamente que seria um animal, talvez morto no Vietnã, com um tiro na cabeça. Quando o Instituto Smithsoniano também voltou sua atenção ao caso, Hansen voltou atrás e disse que a criatura original havia sido devolvida ao dono por segurança, e que ele agora tinha apenas uma réplica feita de látex. Sanderson descobriu depois que tão cedo quanto em 1967 Hansen havia encomendado a criatura de látex. Ao que tudo indica, nunca houve um "original".


 

Vídeo divulgado em 1996, apelidado de "Andador das Neves" (Snow walker), foi criado para um programa sobre o paranormal e filmado na Califórnia, embora divulgado como sendo do Himalaia. Os produtores eventualmente admitiram a fraude, e o vídeo foi depois reaproveitado em um outro programa literalmente intitulado "As Maiores Fraudes do Mundo". Na TV tudo se recicla.


 

9 comentários sobre “Hominídeos Elusivos

  1. Exite tambem um documentario no Hystori channel que mostra varios testes feitos por proficionais no video de Roger Patterson, que nao conseguiram encontrar fraldes no video, e tambem uma entrevista com Robert Gimlin onde ele diz que seguiram a criatura pela floresta, porem nao a avistaram mais, fraude ou nao, o homem que fez o video ja esta morto e so Robert Gimlin pode dizer se o video foi forjado ou nao.

  2. Documentários recentes do history channel mostraram testes modernos quadro a quadro do filme de roger patterson. Resultado: comprovaram que a boca se mexia! Estava fechada em um quadro e aberta no outro. Isso só foi descoberto recentemente, NUNCA antes se viu a boca se mexendo no filme. Bom… então pode haver duas possibilidades:

    1 – uma fraude FANTASTICAMENTE elaborada, junto a artistas especializados em animação de fantasias, que envolve tanto o uso de atores humanos, como mecatrônica, que é o uso de motores pequenos para movimentar os músculos da boca. Quem poderia fazer tais peripécias em uma fantasia de macaco? E com tamanha visão FUTURÓLOGA que SOMENTE quando tivéssemos acesso à tecnologia de imagens realçadas modernas, é que veríamos a boca se mexendo? Daquela distância, não se detectaria a boca se mexendo com as tecnologias de vídeo da época. Pensem nisso…

    2 – Realmente é uma criatura viva.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *