Benítez contra Gámez: história de uma condenação

Pensava que dizer que há provas de que o homem conviveu com os dinossauros era tergiversar a História e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que afirmar que um poder mágico permitiu transportar as estátuas da ilha de Páscoa até sua localização definitiva era tergiversar a História e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que sustentar que o povo dogon teve no passado contato com extraterrestres era tergiversar a História e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que sentar Jesus no Coliseu romano anos antes de que o edifício existisse era tergiversar a História e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que assegurar que há provas de que existia comércio entre a Europa e a América antes de 1492 era tergiversar a História e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que sustentar que o Santo Sudário prova a ressurreição de Jesus de Nazaré era ignorar os resultados dos mais avançados estudos científicos e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que falar da fictícia Arca da Aliança como de uma arma de destruição em massa era tergiversar a História e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que apresentar um anel com marca de ourives como obra de extraterrestres era tergiversar a realidade e mentir, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que dizer que seres de outro mundo deram o fôlego civilizador ao povo bereber era tergiversar a História, mentir e menosprezar a inteligência desse grupo humano, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que afirmar que seres de Orion construíram as pirâmides do Egito e que os egípcios há 4.500 anos viviam na Pré-história e desconheciam a escrita era tergiversar a História, mentir e menosprezar a inteligência desse grupo humano, e divulgá-lo em um programa de televisão, enganar ao público. Estava enganado.
Pensava que sustentar que os astronautas da Apollo 11 encontraram ruínas extraterrestres na Lua e apresentar em um programa de televisão como prova uma recreação informática como se fora uma filmagem real era tergiversar a História, mentir e tentar enganar ao público. Estava enganado.

Pensava que era lógico qualificar de sandices as anteriores afirmações extraordinárias e considerar o produto áudio-visual resultante uma sujeira. Estava enganado.
Pensava que tergiversar era “dar uma interpretação forçada ou errônea a palavras ou acontecimentos”, tal como sustenta o Dicionário da Língua Espanhola da Real Academia Espanhola (RASPA). Estava enganado.
Pensava que mentir era “dizer ou manifestar o contrário do que se sabe, crê ou pensa” e “falsificar uma coisa”, tal como sustenta o Dicionário da RASPA. Estava enganado.
Pensava que enganar era “dar à mentira a aparência de verdade” ou “induzir a alguém a ter por certo o que não o é, valendo-se de palavras ou de obras aparentes e fingidas”, tal como sustenta o Dicionário da RASPA. Estava enganado.
Pensava que, se alguém ganha a vida com afirmações como as dos onze primeiros parágrafos desta anotação, podia deduzir-se disso que “seu negócio se apóia na mentira, no engano e tergiversação”. Estava enganado.
Pensava que responder com ironia aos ataques em um periódico de alguém comprometido com a produção do programa de televisão aludido nos onze primeiros parágrafos era meu direito, embora o comprometido fosse filho do máximo responsável pelo espaço. Estava enganado.

Leia a história completa em magonia

Um comentário em “Benítez contra Gámez: história de uma condenação

  1. Olá!
    Faz um tempão que eu acompanho o ceticismoaberto e o ceticismoaberto notícias.Você faz um excelente trabalho,cara.Tudo muito interessante e bem informativo.
    Eu fiz a pouco um blog tb (http://analisecetica.blogspot.com/)e linkei a foto de introdução do artigo do Juscelino na contagem dos mortos no meu post,e também botei um link para o ceticismoaberto.com/news ao longo do texto,além de um link permanente para os seus dois sites.
    Se quiser dar uma conferida lá (o primeiro post que eu escrevi foi sobre o juscelino),será um prazer recebê-lo =D

    Valeu,amigo,e continue com esse maravilhoso trabalho!

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